sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Entrevista com Débora Sebriam

Débora Sebriam é Mestre em Engenharia de Mídias para a Educação, integrante da equipe de Tecnologia Educacional do Centro Educacional Pioneiro, gestora de redes sociais do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital e Instituto EducaDigital.




A entrevista foi realizada por e-mail.

Fernanda Tardin: Sabemos que a simples utilização da Tecnologia na Educação sem mudanças inovadoras na metodologia, não trará  mudanças significativas ao aprendizado. O que diria aos professores nesse sentido?
Débora Sebriam: É fato que os tempos mudaram, a tecnologia está incorporada na vida das pessoas. Todos fomos “obrigados” a nos adaptar as novas demandas e com a educação não deve (ou não deveria) ser diferente. É importante ter em mente que uma aula tradicional tendo a tecnologia como meio dificilmente despertará o interesse e engajamento dos alunos. Diria aos professores para se desapegarem de velhas práticas e focarem na produção, trabalhar na perspectiva do aluno como autor. Estar atento as mídias que os alunos tem acesso e estão inseridos é um bom começo. À partir do momento que os alunos tem um problema para resolver em equipe, o processo é significativo e o engajamento é natural. Desta forma, saímos do velho esquema de centralização no professor e o foco passa a ser o aluno. Professores e alunos devem ser parceiros da aprendizagem!

Fernanda Tardin: “Redes Sociais são utilizadas como estratégia de ensino por professores.” O que pensa a respeito? As chamadas redes sociais tem se mostrado espaços de grande potencial pedagógico.
Débora Sebriam: Temos vários exemplos no ensino superior do uso das redes sociais como mais um espaço educativo que dá certo! Podemos citar o exemplo da universidade que ofertou um curso inteiro pelo Facebook, ou o caso do professor que usou o Twitter para driblar a greve na universidade, onde todos estavam impedidos de acessar o campus. Estes exemplos se tornam escassos quando pensamos no ensino básico. No caso particular da Educação Básica, sabemos que as crianças e adolescentes cada vez mais cedo ocupam estes espaços, e também sabemos que o objetivo principal deles ao fazer parte destas redes é o relacionamento  e o lazer. Propor atividades pedagógicas dentro de um espaço que é uma linguagem natural destes jovens pode ser muito interessante, mas acho que algumas precauções devem ser tomadas:
·                     É importante decidir junto com os alunos a proposta, eles devem se sentir integrados, confortáveis e desafiados a experimentar novas formas de aprender.
·                     Outra questão, é não esquecermos que somos escola, e portanto, acho importante respeitarmos a idade mínima de classificação para o acesso as redes. Uma coisa é uma criança menor de 13 anos ter o consentimento dos pais para usar espaços como Orkut e Facebook, outra coisa é a escola, enquanto instituição, ignorar estas regras.
·                      Aconselho a todos os professores que decidirem se aventurar por esses novos campos de experimentação pedagógica criar um perfil “profissional”, ou seja, um perfil específico para atuar com os alunos neste espaço, particularmente, sou contra misturar o perfil pessoal do professor com os alunos nas redes sociais. Imagine seus alunos adolescentes comentando suas fotos da praia, das festas que você freqüenta? As pessoas tem uma certa tendência de divulgar muitas informações pessoais e privadas nas redes sociais e qualquer descuido pode gerar um enorme desconforto.
·                     É a primeira vez que sua turma vai usar redes sociais para aprender? Vejo aqui uma excelente oportunidade para se introduzir trabalho com  exemplos de bons e maus usos das redes. Faça uma pesquisa e veja o que já foi realizado com a rede que você escolheu, selecione os bons exemplos, como campanhas de doação de sangue, campanhas contra a corrupção, exemplos de uso pedagógico e também apresente “casos”  do mau uso das redes e suas conseqüências. Todos os dias têm novas notícias de pessoas que extrapolaram o bom senso, que ofenderam outras pessoas, que incitaram o ódio, etc. Trabalhar o uso seguro das telas digitais cabe em toda e qualquer disciplina do currículo escolar. Tenho trabalhado com meus alunos usando esta dinâmica e os resultados são muito motivadores, eles se interessam, tem oportunidade de falar, de refletir e de debater com seus iguais. Aqui eles estabelecem as regras!
Sei que estou parecendo pessimista, mas não é nada disso! Acredito que as redes sociais são espaços dinâmicos e propícios para o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Acho que temos um campo aberto para experimentar, errar, trabalhar o erro, acertar e compartilhar estas experiências.

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